sábado, 26 de novembro de 2016

O episódio de Geddel

Acabamos de sair de um processo de impeachment que retirou do Cargo a Presidente Dilma, eleita legitimamente, sem crime de responsabilidade,  não sendo observado a Constituição da República, através de um  Congresso notoriamente viciado, com um Presidente do Senado causando crises institucionais, e o ex-presidente Eduardo Cunha da Câmara Federal que conduziu o processo naquela Casa preso.

O meio político não corresponde às aspirações da sociedade brasileira, de encontrar um projeto nacional, de efetuar as reformas necessárias, a não ser para contentar os setores rentistas, mutilando os avanços sociais, não conseguindo sair da crise política e financeira, com um governo sem legitimidade, de um Vice-Presidente, agora Presidente que articulou intensamente queda da Presidente Dilma.

Um governo que volta e meia, por denúncias, perde os Ministros, envolvidos em mal feitos, sendo que o episódio  de Geddel Vieira Lima, Baiano e cacaucultor, pressionando o Ministro da Cultura, Calero, já exonerado, para intervir junto ao Presidente do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para acabar qualquer embargo a obra de construção de espigão habitacional de luxo na área de preservação histórica de Salvador, a nossa primeira capital no período da colônia.  

A pressão do Ministro Geddel era para o interesse particular, beneficiar a se e aos seus familiares que adquiriram os apartamentos, com vista para a Baia de todos os santos, em detrimento do interesse público e nacional, uma vez que, Salvador, uma cidade histórica, com sua beleza própria, precisa ser conservada pela cultura do Brasil, em razão de que o prédio residencial desfiguraria todo o paisagístico.

O pior foi o Presidente Temer, aceitar as pressões de Geddel, não ter a medida da razoabilidade, quis ele extinguir o Ministério da Cultura, que contou com a revolta do mundo artístico, voltando atrás, teve inclusive, dificuldade para conseguir um titular para pasta, mostrando que está completamente despreparado para o cargo da mais alta envergadura da República.

E o Aécio Neves logo saiu ao socorro de Temer e Geddel, dizendo que o Calero deve ser investigado, tentando intimidar e mudar o eixo de uma possível investigação, estampando assim, quanto o meio político está descolado da opinião pública brasileira que vem avançando e mostrando capacidade de mobilização, independente de uma mídia comprometida com os setores rentistas.

O Brasil precisa mudar, de reformas, algumas profundas, uma delas a política, podendo ser através de uma Assembleia Constituinte específica como a Coalizão de Entidades propôs com o plebiscito realizado e encaminhado aos representantes dos Poderes Constituídos, pois, o que é inaceitável consiste neste episódio de Geddel, que a sociedade brasileira não aceita mais, gravado por Calero o Ministro exonerado.

Evandro Borges.
Advogado.

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